16 de Junho de 2007
Dia desses encontrei Tó, amigo de infância cuja principal qualidade que me lembro era a persistência, ou talvez teimosia. E, acreditem, fiquei espantado e curioso quando percebi que ele tinha virado monge.
Ele me contou que um dia seu carro pifou perto do mosteiro, e ele foi lá pedir ajuda.
Um monge o atendeu e Tó contou o que tinha acontecido com o carro.
Muito prestativo, o monge o convida a entrar. Ofereceram-lhe um ótimo jantar e depois encaminharam-no para um pequeno quarto, onde ele poderia passar a noite.
Tó agradeceu e dormiu serenamente até ser acordado por um bonito som.
Na manhã seguinte, enquanto os monges lhe reparavam o carro, Tó perguntou sobre o som que escutar aquela noite.
- Lamentamos - disse o monge - Não lhe podemos explicar o som. Você não é monge.
Tó ficou desapontado, agradeceu aos monges, e foi embora bastante curioso.
Alguns anos mais tarde, Tó passava novamente em frente ao mosteiro. Parou, e foi pedir aos monges se podia passar ali outra noite, já que tinha sido tão bem tratado da última vez que lá estivera. Os monges concordaram, e ele ficou lá.
De madrugada, ele ouve de novo o tal som estranho e lindo. E, não resistiu ao pedir na manhã seguinte, que os monges lhe explicassem o som.
Mas os monges deram-lhe a mesma resposta:
- Lamentamos. Não lhe podemos falar acerca do som. Você não é monge.
Então a curiosidade transformou-se em obsessão. Ele decidiu desistir de tudo e tornar-se monge, porque era a única maneira de desvendar aquele mistério. Então entrou para a seita e começou a longa e difícil tarefa de se tornar monge.
E passados 4 anos, Tó era finalmente um verdadeiro membro da ordem. Quando a celebração acabou, ele rapidamente dirigiu-se ao líder da ordem, e perguntou pelo som. Silenciosamente, o velho monge conduziu Tó a uma enorme porta de madeira.
Abriu a porta com uma chave de ouro e essa porta conduziu a uma 2ª porta, de prata; depois uma 3ª de ouro; e depois a 4ª, de brilhantes; a 5ª de pérolas; a 6ª de diamantes; a 7ª de safiras; a 8ª de esmeraldas; a 9ª de rubis; a 10ª, novamente de ouro; a 11ª, novamente de prata; Até que chegou à 12ª porta, de uma madeira bem rústica.
E Tó encheu-se de lágrimas de alegria assim que viu a origem de tal lindo e misterioso som que ele ouvira tantas vezes...
Ele me disse que nunca tinha sentido uma coisa assim... Uma sensação indiscritivel... E que durante toda a vida tinha esperado por aquele momento.
Eu, infelizmente nunca soube o que era. Tó não me contou, pois afinal, eu não sou monge.
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