29 de Janeiro de 2009
Todo mundo que conheço queria ter um carro. Carro no Brasil, além de ser um excelente aliado no transporte diário é sinônimo de status. Com apelo erótico.
Um amigo meu queria um carro que chamasse a atenção onde estivesse. Pouparia-lhe horas de convencimentos intermináveis na orelha daquela menininha que ele acabou de conhecer. Outro, trocou um SUV por um mais discreto, sem chamar atenção dos seus rendimentos. Mas, afinal, quanto custa ter um carro?
Essa pode parecer uma pergunta estúpida - mas não é. Acho que todo mundo (inclusive eu) vai cometer ou já cometeram o erro da má avaliação. Seduzidos pelo objeto mais desejado do país (como diz bem a propaganda daquele posto de gasolina) estrangulam as economias e percebem que o sonho se transforma diariamente num pesadelo.
Um carrinho interessante pode custar uns R$ 30.000, ou metade disso se for o seu primeiro. Independente do preço inicial o que muda geralmente é só o tempo da prestação (palavra redundante nesses tempos de crise): suponhamos aqui que ela torre uns R$ 500,00 mensais do seu orçamento. E se você pode pagar, já pode comprar, certo?
Antes de cair em tentação, não se esqueça do seguro. Para quem mora numa cidade como São Paulo, onde se contabilizam os roubos por hora, ele é essencial. Tudo vai depender do seu perfil: se você ainda estuda, trabalha ou tem garagem em casa. Na média, este seguro deve custar uns dois mil, divididos em 10 parcelas (com juros) de R$200.
Opa, não se assuste se esses R$200,00 não estavam nos planos, pois tem mais: o IPVA/DPVAT deve custar R$700,00, o que dá R$60,00 pro mês.
E a gasolina? Se você não for usar muito o carro, deve gastar uns R$80,00 por mês. E não se esqueça dos extras da locomoção: pedágio, estacionamento e os insuportáveis flanelinhas que podem lhe custar mais R$50,00 por mês. Sem contar as moedinhas que você gentilmente distribui para os malabaristas dos semáforos.
Se você tiver sorte por seu carro ser novo, não vai gastar muito com manutenção. Vamos torcer para não rasgar um pneu (R$150) e nem estourar um amortecedor (R$120). Que as revisões fiquem apenas nas trocas do óleo e dos filtros, além do alinhamento e balanceamento.
No fim das contas, sem levar em conta a depreciação do veículo e supondo que você nunca vá batê-lo (ou outro imprevisto desagradável), aqueles R$500 da prestação se transformaram em quase R$1.000,00 por mês. É, ficou caro...
Mas você ainda pode abater da conta uns trocos que evitará gastar em cerveja nesses tempos de lei seca e bafômetro, só não se anime muito: alguns deles você vai ter que usar para lavar o carro de vez em quando. Afinal, niguém vai querer ver você andando naquele carrinho imundo...
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